domingo, fevereiro 26, 2006

Doom (republicação com leves modificações)

Este texto foi publicado no meu outro blog em 23 de agosto de 2005.

Como é relativo ao tema desta página, vou colocá-lo aqui também para preencher a lacuna, enquanto termino a segunda parte do detonado de Batman & Robin.

Doom

Por mais que exista gente por aí com mania de dizer que sexo é a ferramenta que move o mundo, qualquer um que passe três minutos (sério, já cronometrei) refletindo sobre o assunto vai perceber que, na verdade, a força motriz da humanidade é a violência. Os mais apegados à teoria do sexo como alavanca histórica hão de torcer o nariz para essa afirmação, mas o que posso fazer se a verdade está aí, na cara de quem quiser ver? Pare para analisar! Se o sexo fosse mesmo o mais importante engenho social, as maiores obras já produzidas pelo cinema seriam De Quatro No Trilho, Um Jumento Em Minha Cama e Buttman em Amsterdã. Aliás, John Stagliano seria o maior cineasta da atualidade. Em contrapartida, os livros de história não tratariam de coisas como a Guerra dos 100 anos ou a Batalha das Termópilas: estudaríamos, em primeiro lugar, a cultura sexual dos gregos e a crescente repressão da libido após a tomada do poder pela igreja católica.

Felizmente (???), entretanto, nossa sociedade acha muito mais aceitável passar fogo em determinados grupos étnicos/classes sociais do que fazer um surubão envolvendo chefes de estado, prostitutas e transeuntes escolhidos ao acaso. Mas divago.

O fato é que na década passada, mais precisamente em 1993, essa nossa cultura de violência deu a uns caras na ID Software a genial idéia de fazer um jogo que superasse o já ultrapassado (na época) Wolfenstein 3D. E aí criaram Doom!


Aliás, já começo me corrigindo: Doom não foi só "genial", Doom foi MAGNÍFICO. Depois de conceber o jogo o criador poderia morrer sabendo que havia deixado um legado insuperável para a humanidade. Embora não tenha sido Doom a introduzir o sistema de jogo de tiro em primeira pessoa, crédito que fica com o Wolfenstein, ele refinou o estilo. Enquanto o Wolfenstein trazia ambientes praticamente idênticos, som mono e mapas planos, Doom vinha com mapas de níveis diferenciados (alguns com 3 ou 4 andares), ambientes heterogêneos (com altura, iluminação e texturas diferentes) e som estéreo (era possível saber de onde vinha seu inimigo, esquerda ou direita, e ter uma idéia da distância em que ele se encontrava).

Doom foi mesmo um divisor de águas no mundo dos games. Não à toa, o jogo CRIOU a classificação "doom style", já que o mercado foi tomado por imitações alguns meses após seu lançamento. Algumas eram realmente interessantes e, em determinados aspectos, superavam seu predecessor (como Duke Nuken 3D, por exemplo). Outras não valiam nada.

Embora o jogo tenha se tornado controverso logo após seu lançamento - devido à enorme carga de carnificina e sua história com referências satanistas -, foi sucesso imediato e faz sucesso até hoje, apesar de obsoleto. É preciso admitir que em tempos de Playstation 2, Shadow of the Colossus e gráficos REALMENTE 3D, com profundidade e nuances de luz e sombra, um jogo pixelizado, apesar de ainda oferecer diversão, não é exatamente um deleite para os olhos. Por isso a ID Software, num movimento extremamente estratégico para retornar ao mercado com seu carro chefe, lançou Doom 3. Em vez de modificar todo o jogo ou continuar de onde havia parado, a empresa preferiu fazer um "remake" do original. Dessa vez, pasmem!, criaram até uma história!

(E nunca joguei nada tão aterrorizante!)

De todo modo, apesar de sua nova versão estar em alta, o primeiro Doom não foi esquecido. Tanto que alguns membros do site Overclocked Remix - uma página de remixes de músicas de jogos antigos - criaram um projeto especial apenas com músicas do jogo (que já tratei de baixar por completo e recomendo muitíssimo).

E, pegando carona no sucesso da nova versão do clássico, a Universal Pictures está produzindo o filme da série. Embora as imagens, o trailer e as declarações dadas por Karl Urban (que interpreta o soldado John Grimm, o personagem com o qual você sai pelas fases brincando de abrir novos buracos nos demônios) quanto à utilização da câmera em primeira pessoa DURANTE o filme mostrem-se muito promissoras, tenho cá minhas dúvidas com relação à qualidade do roteiro. Afinal de contas, parece que cinema e videogame são duas mídias incompatíveis (pelo menos quando um jogo é transformado em filme, já que alguns filmes renderam bons jogos).

Mas preciso admitir que ainda nutro esperanças de que dê certo, já que Doom tem tudo pra render um thriller de ação/terror capaz de esgotar bilheterias e provar que é possível, sim, levar videogames pra telona com fidelidade à história original, sem causar ataques epiléticos e síncopes furiosas nos gamemaníacos, agradando tanto os que já conhecem o jogo quanto os que nunca ouviram falar dele (se é que esses REALMENTE existem). O negócio agora é esperar ansiosamente pelo dia 21 de outubro e torcer para que a fórmula que funcionou nas pequenas telas dos monitores funcione também nas grandes telas de cinema.

[Atualização] Parece que minha fé foi em vão...

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